MULHERES NA COLAGEM 


De 05/03 a 26/03 
Terça | Das 19h30 às 21h30
Sesc Av. Paulista



O curso abordará a colagem em perspectiva histórica contada pelo trabalho e desenvolvimento da técnica por mulheres artistas. Arranjadas por uma linha de tempo, as aulas traçam as contribuições das artistas, não só na técnica da colagem, mas para as discussões de gênero e sociedade de suas décadas. Os conteúdos serão trabalhados em quatro aulas:

1. Colagem e Dadá – artista comentada: Hannah Höch
2. Colagem e Surrealismo – artista comentada: Claude Cahun
(com participação da artista convidada Janaína Vieira)
3. Colagem e movimento Punk – artista comentada: Linder Sterling
4. Colagem e contemporaneidade – artista comentada: Mickalene Thomas

Manuela Eichner é artista multifacetada formada em Escultura pela UFRGS. Natural de Arroio do Tigre, vive e trabalha entre São Paulo e Berlin. Sua prática abarca vídeos, performances, oficinas colaborativas, instalações, murais e experiências ambientais. Nessas diferentes frentes, recorre sistematicamente a princípios de colagem, ruptura e embaralhamento da unidade espacial. Participou de diversos programas pelo mundo, como Rumos Itaú Cultural (BR), Utropic em Poznań (PL), ZK/U em Berlim (DE), AnnexB e Brooklyn Brush em Nova York (EUA), Arte Pará em Belém (BR), Art Madrid Feria em Madrid (ES), JUNTA Festival Internacional de Dança de Teresina Piauí (BR), In[s]urgências 2018 no AGORA Collective, Berlin | DE, Fikra Bienal de Design Gráfico em Sharjah (EAU), IASPIS Residência em Malmö (SE) e CND Centre National de la Danse em Paris (FR).

Artista convidada : Janaína Vieira, 1997, natural de Macambira-SE. Reside em Jacareí-SP. Graduada em Design Gráfico é artista visual, fotógrafa e educadora social. Introduziu a colagem em suas experimentações em 2016. Desde então vem permeando técnicas artísticas onde a colagem faz parte do processo: escultura, arte digital/analógica, muralismo e fotografia digital. Essas práticas artísticas muitas vezes trazem reflexões sobre cotidiano periférico, esse tema está no centro de suas pesquisas. Sustentando reflexões sobre demografias, tópicos que abordam noções de pertencimento, escalada e visibilidade em coincidência aos direitos básicos.


Colagem e contemporaneidade
artista comentada:



Mickalene Thomas


Mickalene Thomas (b. 1971, Camden, NJ) lives and works in Brooklyn.



Os trabalhos vibrantes da artista Mickalene Thomas estabeleceram

uma visão contemporânea da sexualidade, beleza, raça e poder feminino, ao mesmo tempo da identidade queer.


Mickalene Thomas descreve seu processo de criação artística como “tirar a fotografia, fazer a colagem e, em seguida, digitalizá-la novamente e, em seguida, recolar a colagem em si”. Suas obras finais combinam papel, tinta, tecido, strass, painéis de madeira e outros materiais em estilo de colagem.

Celebrando a beleza, a sexualidade e o poder das mulheres negras através da colagem, da fotografia e do filme, os trabalhos ousados de Thomas remodelam as ideias da musa da artista. Formada pelo Pratt Institute e pela Yale School of Art, suas colagens impactantes utilizando strass e esmalte fizeram dela uma das artistas contemporâneas mais requisitadas da América. Em 2021, seu trabalho 'Raquel Reclining Wearing Purple Jumpsuit' foi vendido por mais de US$ 1,8 milhão na Christie’s (mais de três vezes a estimativa mais alta).








Dior Spring/Summer 2023 Haute Couture show.




Colagem e movimento Punk 
artista comentada: Linder Sterling  



Linder Sterling (born 1954, Liverpool), commonly known as Linder, is a British artist known for her photography, radical feminist photomontage and confrontational performance art. She was also the former front-woman of Manchester based post-punk group Ludus. In 2017, Sterling was honored with the Paul Hamlyn Foundation Award.

For her solo shows at the Hepworth Wakefield and Tate St Ives in 2013, Sterling collaborated with choreographer Kenneth Tindall of Northern Ballet for a performance piece, The Ultimate Form (2013), inspired by the artist's research into the work of Barbara Hepworth.

Recent solo exhibitions include Nottingham Contemporary, Kestnergesellschaft, Musée d'Art Moderne de Paris, and Museum of Modern Art PS1, and Sterling's work has been included in group exhibitions at Tate Modern, Australian Centre for Contemporary Art, Tate Britain, and Museum of Contemporary Art, Chicago.

Untitled

1976







https://arterritory.com/en/visual_arts/articles/16078-the_importance_of_punk_in_visual_cultures/
https://www.printmag.com/culturally-related-design/punk-aesthetic-graphic-design/
https://www.artdictionmagazine.com/the-punk-art-movement/
https://medium.com/deadlines/estetica-punk-e-design-grafico-6ff1e1565b38

vivienne westwood





Capa de God Save the Queen dos Sex Pistols feita por Jamie Reid (1977).



Poster para o single Orgasm Addict do Buzzcocks. Linder Sterling e Malcolm Garrett (1977).
https://www.youtube.com/watch?v=ZIDjQNhGKak&t=136s




Ao explicar por quê suas colagens unem seres humanos e animais ela diz: “talvez seja um anseio de fundir o que consideramos como animal, tanto psicológica quanto eticamente. Eu não como animais e tento não prejudicá-los. Ao usar a colagem posso explorar as tensões entre a condição humana e animal. Eu também posso jogar com ideias de coexistência. Não de uma maneira aconchegante mas no sentido de Tennyson (poeta inglês – 1809): natureza, vermelha, em dente e garra”.



Colagem e Surrealismo
artista comentada: Claude Cahun

artista convidada Janaína Vieira



O surrealismo foi um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo no período entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Reúne artistas anteriormente ligados ao dadaísmo ganhando dimensão mundial. Fortemente influenciado pela Psicanálise de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Um dos seus objetivos foi produzir uma arte que, segundo o movimento, estava sendo destruída pelo racionalismo. O poeta e crítico André Breton (1896-1966) era o principal líder e mentor deste movimento.  Um dos principais manifestos do movimento é o Manifesto Surrealista, de 1924. Além de Breton, seus representantes mais conhecidos são Antonin Artaud, no teatro, Luis Buñuel, no cinema, e Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí, no campo das artes plásticas.

O surrealismo propõe a valorização da fantasia, da loucura e a utilização da reação automática. Nessa perspectiva, o artista deve deixar-se levar pelo impulso, registrando tudo o que lhe vier à mente, sem se preocupar com a lógica.


Max Ernst, Here Everything is Still Floating, 1920, printed paper collage with pencil on cardstock, 6 ½ x 8 ¼ inches (MoMA)


Max Ernst, Une Semaine de Bonté, Volume 3: The Court of the Dragon, 1934


Max Ernst, Quietude from La Femme de 100 Têtes, 1929 (MoMA)


Visão surrealista


Segundo Michael Löwy, o surrealismo é um movimento subversivo de reencantamento da vida social ou um estudo antropológico da liberdade. Esse movimento se baseia em uma visão independente da dialética hegeliana e marxista. Assim, ele mantém um impulso libertário original e não deve ser entendido como uma escola literária modernista ou um conjunto de artistas com uma perspectiva em comum[2].

Dentre as características deste estilo estão a combinação do representativo, do abstrato, do irreal e do inconsciente. Entre muitas das suas metodologias estão a colagem e a escrita automática. Segundo os surrealistas, a arte deve libertar-se das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana, procurando

expressar o mundo do inconsciente e dos sonhos.




Claude Cahun (Lucy Schwob) French, 1894–1954


Claude Cahun was a surrealist, photographer, sculptor, and activist. She is best known for her gender-fluidity in art, and her anti-Nazi resistance.


I am in training don’t kiss me by Claude Cahun, 1927, Jersey Heritage


Remarkable body of photographic work that only came to prominence after her death.



Nascida numa família da alta burguesia francesa, Lucy Schwob, cujo nome artístico é Claude Cahun (1894, Nantes, França – 1954, Saint Helier, Jersey), recebeu uma educação ampla e profunda, que incluíu estudos de filosofia e literatura na Universidade de Paris, Sorbonne. Conhecida principalmente por seu trabalho como fotógrafa, Claude Cahun está entre os grandes nomes da fotografia surrealista, ao lado de Lee Miller e Dora Maar. Ao mesmo tempo, Cahun se destacou como poeta e ensaísta, e ainda como autora teatral, encarnando assim a figura de artista total, cuja prática é inseparável da vida pessoal. Membro ativo da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial, Cahun foi presa em 1944 e condenada à morte, mas acabou se salvando quando a ocupação alemã chegou ao fim. 

A maioria de suas fotografias são “tableaux fotográficos” encenados e cuidadosamente construídos, que brincam com a noção de identidade ao passo que a questionam.

Referência visual fundamental no campo dos estudos de gênero até hoje, as fotografias de Cahun foram radicalmente originais em sua época.

Em muitos de seus autorretratos, Cahun se disfarça, usa máscaras, exibe ora uma feminilidade ultrajante, ora, ao contrário, uma masculinidade assertiva, raspa o cabelo e encarna personagens diversos como o dândi ou o esportista. Sua arte é uma arte da metamorfose, o retrato de uma performance que é ao mesmo tempo íntima e pública, uma demonstração e defesa da singularidade e uma recusa de sustentar o status quo dominante e seus preceitos. Além da multiplicidade de personagens e personalidades exibidas, a recorrência de reflexos, simetrias e multiplicações das imagens confirma o desejo de escapar do binário e do previsível. Muitas vezes feitas em casa, com a colaboração de seu parceiro romântico Marcel Moore (nascido Suzanne Malherbe), essas fotografias ainda não haviam sido expostas publicamente em 1954, quando Cahun morreu.


Só na década de 1990 o conjunto de sua obra começou a receber atenção mundial.



http://34.bienal.org.br/artistas/8741

Claude Cahun foi artista e líder que subverteu os binários sociais ao empregar um estilo indeterminável. Esta ambiguidade intencional é omnipresente em todas as obras de Cahun, independentemente do seu estilo.


Claude Cahun, Photomontage frontispiece for the book Aveux Non-Avenus, 1929, National Gallery of Australia, Canberra, Australia.


"Masculine? Feminine? It depends on the situation. Neuter is the only gender that always suits me." Cahun is most well known for her androgynous appearance, which challenged the strict gender roles of her time.




Claude Cahun, Self-portrait with masks, 1928, Jersey Heritage Collection, St Helier, Jersey, UK.

My role was to embody my own revolt and to accept, at the proper moment, my destiny, whatever it may be.




Aveux non avenus, planche III
1929-1930

Grete Stern
1904 (Elberfeld)- 1999 (Buenos Aires)






Dora Maar
French 1907–1997



Dora Maar Sans titre 1935 Musée National d'Art Moderne - Centre Pompidou (Paris, France) © Estate of Dora Maar / DACS 2019, All Rights Reserved


Dora Maar Untitled (Hand-Shell) 1934 © Estate of Dora Maar / DACS 2019, All Rights Reserved


https://www.arthistoryproject.com/artists/dora-maar/monster-on-the-beach/

maya deren


artista convidada :

Janaína Vieira, 1997, natural de Macambira-SE. Reside em Jacareí-SP.


Graduada em Design Gráfico é artista visual, fotógrafa e educadora social. Introduziu a colagem em suas experimentações em 2016. Desde então vem permeando técnicas artísticas onde a colagem faz parte do processo: escultura, arte digital/analógica, muralismo e fotografia digital. Essas práticas artísticas muitas vezes trazem reflexões sobre cotidiano periférico, esse tema está no centro de suas pesquisas. Sustentando reflexões sobre demografias, tópicos que abordam noções de pertencimento, escalada e visibilidade em coincidência aos direitos básicos.






Colagem e Dadá 
artista comentada: Hannah Höch



anti-war - anti arte - 

chance (acaso/ acidental/ radical /crítico )




Dadaísmo : DADA


Dada ( /ˈdɑːdɑː/) ou dadaísmo foi um movimento artístico da vanguarda europeia no início do século XX, com centros iniciais em Zurique, Suíça, no Cabaret Voltaire (c. 1916). O dadaísmo novaiorquino começou por volta de 1915,[2][3] e depois de 1920, o dadaísmo se desenvolveu em Paris. As atividades dadaístas duraram até meados da década de 1920.


Desenvolvido em reação à Primeira Guerra Mundial,

o movimento dadaísta consistia em artistas que rejeitavam a lógica, a razão e o esteticismo da sociedade capitalista moderna, expressando em suas obras

o absurdo, a irracionalidade e o protesto antiburguês/ anti guerra, 


Basicamente, o dadaísmo foi um movimento de oposição radical. Assim, foi contra a organização, a lógica, os valores estéticos tradicionais e, também, dos seus contemporâneos. Por isso, é considerado

anárquico e provocador.



Hannah Höch (1889 -1978) - Alemanha 

Hannah Höch (1889 - 1978), uma figura influente que desempenhou um papel crucial na evolução da técnica da colagem e na abordagem de questões relacionadas a gênero, política e cultura durante um período de intensas mudanças sociais e políticas na Europa e no mundo. Reconhecida como pioneira na criação de colagens feministas, Höch trabalhava habilmente com imagens retiradas de revistas, jornais e publicidade, com a mulher frequentemente sendo o elemento central de suas composições. Através de suas obras, ela levantava questões provocativas relacionadas à sexualidade, questões de gênero e papel da mulher na sociedade, ao mesmo tempo em que defendia fervorosamente o direito das mulheres ao voto e a novas oportunidades.


- descaracterização radical da imagem primeira (não reconhecer a origem) 
- escalas absurdas 
- corte seco 

Cut with the Dada Kitchen Knife

1919, via Nationalgalerie, Staatliche Museen, Berlin




Da-Dandy / Hannah Hoch / 1919

Indian Dancer: From an Ethnographic Museum (Indische Tänzerin: Aus einem ethnographischen Museum)1930






Hannah Höch  (1889 -1978) foi uma influente artista alemã, precursora da colagem e da luta pelos direitos da mulher na sociedade moderna. Considerada a primeira a produzir colagem feminista no mundo,  Hannah trabalhava com imagens de revistas, jornais e publicidade, tendo a mulher como figura predominante.  Com suas obras, provocava questões relativas à sexualidade e a papéis de gênero, defendendo o direito a voto e novas possibilidades para as mulheres na Alemanha.

Em 1917, tornou-se a única mulher a integrar o Dadaísmo em Berlim, movimento de vanguarda, criado durante a Primeira Guerra Mundial, que contestava os valores culturais racionais e a arte acadêmica tradicional. Ao lado do artista Raoul Hausmann (também integrante do Dadaísmo, com quem passou a ter um relacionamento amoroso), Höch foi pioneira da arte de fotomontagem.

Para sobreviver ao nazismo, se refugiou numa casa afastada, em  Berlin-Heiligensee, local que se tornou tema essencial da sua obra, um  abrigo para a elaboração do sofrimento e dos traumas da guerra, como retratado na colagem “Propellerdisteln” de 1952.

Em meio ao seu jardim, Höch também produziu alimentos que a permitiram se nutrir e vender aos habitantes dos arredores, e enterrou suas colagens e de outros artistas, na ânsia de salvaguardar a arte da época. Essa arte, do início do século XX, revela um tipo de técnica que, passados mais de um século, continua sendo referência para o trabalho de artistas do mundo todo.    

Höch criou algumas das obras mais radicais da época, porém, na maior parte do tempo, foi negligenciada pela história da arte tradicional. Embora em vida seu trabalho nunca tenha sido verdadeiramente valorizado, ela continuou a produzir as suas fotomontagens e a exibi-las até à data da sua morte, em Berlim, aos 89 anos de idade.



Untitled, from an Ethnographic Museum is a Dadaist collage and paper artwork created by Hannah Höch in 1929.


Untitled (From an Ethnographic Museum), 1930Hannah Höch, Museum für Kunst und Gewerbe Hamburg © VG BILD-KUNST Bonn, 2016




Hannah Höch, Kleine Sonne (Little sun), 1969. Collage, 16.3 x 24 cm. © Berliner Sparkasse / VG Bild-Kunst, Bonn 2016.

Picture Book (Bilderbuch)Book by Hannah Höch

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